Liguei para Tocqueville, está em Honfleur, onde alugou a casa de um pescador. Propus a seguinte questão: “Ocorre-me uma tese: a revista Veja é a própria revolução em marcha, é uma revista jacobina”. Ele não sabia da existência da Veja. Fiquei pasmo: “Como assim? A quarta maior semanal do mundo, infinitivamente mais importante que a The Economist, de tiragem inferior. O planeta curva-se diante da publicação da Abril”. Confessou a lacuna, cuidei de ilustrá-lo a respeito das façanhas da Veja, sem omitir referências exaustivas à última edição, com reportagem sobre o enterro da CPMF. Celebrado como um presente de Natal para este país sofrido, enfim habilitado a uma larga gastança em presentes e iguarias. Havia ali uma clara alusão aos sans-culottes, ou eu estaria errado? Pois Tocqueville concordou e entendeu meu raciocínio. Disse-lhe que o Brasil ainda não viveu a Revolução Francesa, e também da minha convicção de que a brisa iluminista sopra há algum tempo, a partir dos estúdios da Globo e das páginas de Veja, sem falar da contribuição dos editoriais dos jornalões, verdadeiros monumentos do jornalismo universal.
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