13 setembro 2007

Mitos da Globalização

Este faz parte de um seminário, por mim, apresenatado no Mestrado na matéria de Organização Industrial; Texto fonte: Mitos da Globalização de Paulo Nogueira Batista Jr.

Introdução: O grande debate por trás da “globalização”, está na atuação do Estado na Economia, e nas suas possíveis ações sobre os arranjos econômicos, no comércio externo e interno, na indústria e na agricultura. A globalização é o grande pano de fundo, encobertando os interesses do capital internacional, é um álibi da elite tradicional nacional e máscara inoperâncias do governo.
Este artigo mostra evidências e mitos sobre alguns exageros em torno da globalização e de suas superioridades sobre estados nacionais fragilizados e inoperantes, e de sua inevitabilidade mundial, sendo este o grande “salvador da economia mundial”. E também comprovando de que a economia mundial já foi muito mais “globalizada”/integrada desde dos períodos anteriores aos momentos das duas grandes guerras e hoje não passa de uma concentração de capital nos países desenvolvidos.

1º Mito: “A ‘globalização’ inaugura nova etapa na história econômica mundial; constitui processo irreversível, que conduziu a uma integração sem precedentes das economias nacionais”.

O mundo é "globalizado" desde dos periódos A.C., mas consepção desta "nova globalização" nada mais é, do que um modelo de dominação entre países fortes sobre os mais fracos, de igual teor, mas de roupagem nova do pacto colonial do séc. XV. E o processo de integração dos países vem ocorrendo, tão pregado na “globalização”, não chega perto do nível atingido pelo mundo no período antes das grandes guerras, por mais que tenham ocorrido avanços tecnológicos no setor de comunicação no séc. XX. O que vemos hoje é um avanço na recuperação do comércio internacional, após os protecionismos do fim da II guerra e da grande depressão americana.

2º Mito: “Nas últimas duas ou três décadas, a ‘globalização’ produziu um sistema econômico fortemente integrado, de caráter supranacional, que tende inexoravelmente a unificar o mercado mundial, a dissolver as fronteiras nacionais e a reduzir a relevância dos mercados domésticos”.

O processo de internacionalização da “globalização” cresceu junto com os avanços tecnológicos, de comunicação e informática, desenvolvendo uma maior integração no comercio internacional e no mercado financeiro e de capitais, mas está longe de enfrentar os Estados Nacionais e derrubar suas fronteiras. Pois, os mercados internos ainda são os maiores demandadores de mão-de-obra e de mercadorias. Os dados da geografia dos fluxos de comercio e de capitais, não confirmam a propalada imagem de uma economia “global” ou mercado mundial unificado, pelo contrário é constado, um agrupamento de 2/3 do fluxo internacional nos países ditos como desenvolvidos. Portanto é enganoso o tratamento dado a uma “economia global” e sim deveria ser chamado de uma “economia internacional”, que seria mais compatível.

3º Mito: “Em conseqüência da ‘globalização’ e do predomínio das políticas ‘neoliberais’, os Estado nacionais entraram em processo de inevitável declínio e estão compelidos a reduzir a sua presença na economia”.

A teoria de base da “globalização” é o neoliberalismo. É o velho projeto liberal da escola austríaca e dos clássicos. Foi implementado apenas nos países em desenvolvimento e nos desenvolvidos não foi implementado, pois, não diminui o tamanho do Estado nesses países, há uma grande diferença entre o discurso e a prática.

4º Mito: “A economia ‘global’ vem sendo crescentemente dominada por empresas ‘transnacionais’, livres de identificação e lealdades nacionais.”

São raras as empresas que perdem o vínculo com a “terra natal”, a grande maioria mantém o grosso de ativos, vendas, empregados e P&D na sua base nacional. Elas deveriam ser chamadas de firmas nacionais com operações internacionais.
5º Mito: “A expansão das transações financeiras internacionais criou um mercado ‘global’ de capitais, extraordinariamente poderoso, diante do qual a autonomia das políticas nacionais e dos bancos centrais, mesmo nos países de mais peso, tende a desaparecer”.

O grau de internacionalização das finanças é mais limitado do que se sugere na tal “globalização financeira”. Todas as financeiras do chamado mundo desenvolvido prefere investir no país de origem por ser mais seguro, mas o volume e rapidez das transações criam situações novas, dificultando a sustentação de certos tipos de regime cambial, principalmente o de ancoragem flexível. Isto aumenta o poder de decisão dos BC´s, se tornando um ator de primeira grandeza, pois tem que utilizar políticas de monetárias de flutuação controlada, mantendo a influência e autonomia dos BC´s domésticos.

Conclusão: É preciso tomar distância de noções falsas ou exageradas que ocorrem no mundo à procura de “consumidores” desavisados. “Globalização” é um mito. Os Estados Nacionais, preparados não estão indefesos ao tal processo “inevitável e irrevogável”.
O fascínio com a “globalização” é indescritível e com o desarmamento intelectual que se encontra em países como o Brasil. Para superá-los, poderíamos começar por uma reavaliação do papel dos Estados nacionais, desenvolvendo, sem inibições, a nossa própria concepção de rumos que devem tomar as relações internacionais da economia.

3 comentários:

Caliane disse...

Olá prof. Flávio. Por acaso encontrei esta postagem, e achei muito interessante, e é exatamente sobre esse assunto que eu necessito de bibliografia...
Gostaria de saber até que ponto a globalização é um mito... eu também gostaria de saber os autores que afirmam o enfraquecimento dos estados nacionais e a fortalecimento das elites transnacionais como um mito.
Muito obrigada!

Prof. Economista Flauzino Neto disse...

Caliane,

o proprio nogueira jr, o chesnay, e entre outros keynesianos de preferencia... abcs

Sabrina Sá disse...

Gostei do conteúdo. Vale a pena cumprir as propostas, pro nosso próprio bem.